O mercado imobiliário começou 2018 ainda em clima de fim de festa por causa dos estoques altos e das dificuldades de fechar negócios tanto no segmento residencial quanto no comercial. No entanto, para uma parte dos investidores, a festa está só começando.
Estrangeiros especializados no mercado imobiliário e gestoras de fundos de private equity, estão aproveitando o momento de baixa para arrematar levas de empreendimentos com descontos na ordem de 30% no caso de
O alvo são ativos de incorporadoras com necessidade urgente de caixa para honrar seus vencimentos. Outro foco são empresas de construção em busca de capital de giro para novos projetos, uma vez que os financiamentos bancários ficaram mais caros e restritos.
O dinheiro para os fundos vem de estrangeiros, já habituados a identificar bons negócios em momentos de mercados em desaquecimento. Lá fora, essa estratégia ganhou o nome de "distressed investment", ou investimento em dificuldade.
Nada mais é do que comprar na baixa pensando em vender na alta. Um dos investidores que mais fez dinheiro usando essa estratégia no mercado imobiliário foi o americano Sam Zell, que, por aqui, já foi acionista da Gafisa.
No Brasil, não tivemos bolha nem estamos numa quebradeira, mas vivemos nos últimos anos a situação que mais se aproximou dela.
As vendas de moradias residenciais ainda não ganharam força. Mesmo assim, os aportes dos fundos miram projetos com riscos mitigados, como aqueles em andamento, com comercialização e obras avançadas. O objetivo é fugir de atrasos no licenciamento ou possíveis rejeições de compradores pelos bancos após o lançamento.
O gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI), acredita que há uma tendência de retorno dos estrangeiros ao mercado imobiliário brasileiro, inclusive pela valorização do dólar frente ao real. "Sem dúvida, o estrangeiro está olhando para o Brasil.", comentou um executivo da gestora. Muitos projetos foram lançados em São Paulo e Rio durante o período de euforia do mercado imobiliário, mas as obras ficaram prontas em um momento de desaquecimento da economia brasileira. O resultado são edifícios com espaços vagos e preços de locação em queda. Mesmo assim a gestora jpa mira em projetos greenfield. Os investimentos “greenfield” são aqueles que envolvem projetos incipientes, ainda no papel.
A recuperação do setor de lajes corporativas deve ocorrer só por volta de 2019/20 em São Paulo, após a retomada do crescimento da economia brasileira e absorção do estoque atual de empreendimentos. Já no Rio, isso tende a demorar mais, por conta da crise fiscal do Estado e ainda os efeitos do segmento de óleo e gás, o que deve ocorrer em 2021.
Alguns especialistas no segmento de produtos de base imobiliária, acreditam haver uma tendência de crescimento das aquisições ainda nesse ano, impulsionada também pelo ambiente de queda dos juros, que torna a taxa de capitalização das operações mais atrativa, principalmente através de um veículo pulverizado como FIIs - Fundos de Investimento Imobiliários.