Conheço a cidade de São Paulo como poucos, afinal, trabalho com imóveis há muitos anos. Adoro a cidade, mas cada vez mais vejo-a como peças de Lego desencaixadas, onde os centros de moradia e trabalho ficam cada vez mais distantes uns dos outros graças aos engarrafamentos que a interligam.
Sem a possibilidade de ir e vir e principalmente sem políticas públicas sérias, aos poucos a cidade vai exarcebando suas desigualdades. “O distrito de Moema, que abriga a Vila Nova Conceição, bairro com o metro quadrado mais caro de São Paulo, possui uma renda per capita média de 5,5 mil reais e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,961, superior ao de países como Suíça, Dinamarca e Estados Unidos. (…) Com uma população de 124,9 mil habitantes, o distrito de Jardim Helena possui uma renda média de 584 reais e um IDH inferior ao de países como Gabão e Sri Lanka.” (Carta Capital, Edição 580, p. 21)
Resta a nós do mercado imobiliário, investidores, incorporadores, construtoras e brokers a tarefa de re-desenhá-la, oferecendo alternativas viáveis. No curto prazo, a idéia central é fazer com que os bairros se voltem para eles próprios, oferecendo moradia, lazer, trabalho sem a necessidade de grandes deslocamentos. Bairros como o Morumbi, Moóca e Tatuapé, por exemplo, com farta mão de obra disponível e também um caótico trânsito, a hora, agora, é de se privilegiar a construção de imóveis comerciais, evitando-se fluxo desnecessário do local de residência para traballho e vice-versa.
Os novos produtos em lançamento no mercado imobiliário tem a obrigação de ser ecologicamente corretos, com maiores áreas permeáveis e reaproveitamento das águas de chuva, por exemplo. Para cada 10 prédios novos na cidade deveria ser criada uma nova praça, como contrapartida. Somente com um trabalho de "aculpuntura urbana", poderemos melhorar a qualidade de vida na nossa cidade.
Marcelo Escobar