
Foi a primeira transação de um edifício inteiro na região da Faria Lima – onde não há mais terrenos disponíveis, nem permissão da prefeitura para que novos prédios possam ser erguidos – depois de mais de cinco anos. O empreendimento, que terá quase 70 mil m2.
de área construída e abrigará três torres comerciais, deve ficar pronto em outubro de 2011. O Grupo Malzoni, tradicional dono de shoppings centers em São Paulo, passa a deter 70% do empreendimento – os 30% restantes, ou 26 mil m2, foram permutados com o dono do terreno, o empresário sírio Wafic Said, ligado à família real saudita.
“Foi a melhor proposta que recebemos”, afirma Nicholas Reade, presidente da Brookfield. O Malzoni, segundo Reade, não tinha direito de preferência. “Nosso negócio é construir e vender e não ficar com ativos em carteira para alugar”, diz, sobre a venda. Os dois grupos já haviam feito outra grande transação. No fim de 2007, os Malzoni venderam o grupo Plaza – shoppings Higienópolis, Paulista, Plaza Sul e West Plaza – por R$ 1,5 bilhão para a divisão de shoppings do Brascan, agora Brookfield.
Segundo o Valor apurou, na a Brookfield canadense, controladora da Brookfield do Brasil, também estava na disputa na reta final. A Previ também colocou preço. O negócio foi analisado por vários players do mercado, como empresas de gestão de propriedades. O Itaú foi outro interessado que analisou a compra, mas não entrou na etapa final. Agora, o banco está negociando com a Tishman Speyer a construção de um prédio no modelo “build to suit” para o ItauBBA no terreno vizinho à operação que o banco possui do outro lado da avenida Faria Lima.
Não há mais oferta de novos espaços na avenida Faria Lima – além desse e do Tishman. A situação se agravou depois que acabou o potencial construtivo da região. Pela lei de zoneamento, não se pode construir mais um único metro quadrado, além do que já foi aprovado. Qualquer mudança a partir de agora deve levar um tempo considerável para se concretizar.
O potencial construtivo dessas regiões – que fazem parte das chamadas operações urbanas, que envolvem a cuja autorização para construção é diferenciada e obtida por títulos (Cepac’s) obtidos em leilões – só será alterado se houver um novo projeto de lei ou se a cidade tiver um novo plano diretor. O último leilão de Cepac da Faria Lima aconteceu na semana passada e o título foi vendido por R$ 4 mil, quase o dobro do preço do último leilão. Muita gente ficou de fora, mas empresas como Tishman, Birmann, Cyrela, Gafisa e Rossi compraram títulos para vincular aos projetos. Com a proibição dos comerciais, os residenciais viraram a bola da vez na região.
“Esse terreno é um grande referencial de preço para a cidade inteira, dificilmente sairá negócio acima disso”, afirma Walter Cardoso, presidente da Richard Ellis, empresa contratada no final do ano passado para fazer a transação. “A região não mostra valor há muito tempo”, diz.
Há uma lista de inquilinos interessados em ocupar espaços no novo prédio, entre eles o BTG Pactual e o Goldman Sachs. O preço de aluguel do metro quadrado dos empreendimentos novos deve ficar na casa de R$ 140. “Abaixo disso, a conta não fecha”, afirma uma fonte do setor.
A Brascan Company (agora juntas na Brookfield) e Malzoni pagaram R$ 250 milhões por 70% do terreno. Na época, foi disputado por cerca de 15 empresas e fundos de investimento brasileiros e internacionais. Najas adquiriu o terreno em 1980 e, depois de quebrar, levantou um grupo de investidores para adquirir o crédito do banco europeu que conseguiu o terreno em um processo de execução de dívida.
Fonte: Valor Econômico