Valor
01.10.2010
Quando o assunto é investimentos, o político brasileiro é, quase sempre, um conservador, seja qual for seu partido. O Valor pesquisou o patrimônio dos favoritos para as eleições para governador de todos os Estados. A constatação é de que, apesar do grande avanço do sistema financeiro e das alternativas de investimento do Plano Real para cá, os candidatos ainda preferem os imóveis.
Entre casas, apartamentos, lotes urbanos e áreas rurais, os candidatos possuem, juntos, R$ 40,46 milhões em propriedades, considerando o valor das escrituras. Dez dos postulantes aos governos estaduais possuem mais de R$ 1 milhão em imóveis. Os campeões são Teotônio Vilela Filho (PSDB), candidato ao governo de Alagoas, com propriedades que somam R$ 3,56 milhões, e Roseana Sarney (PMDB), com R$ 3,308 milhões.
Enquanto 50 candidatos aplicam em imóveis (já que têm mais de um imóvel residencial), apenas cinco investem em ações. Mauro Mendes (PSB), que quer ser governador do Mato Grosso, tem R$ 1,481 milhão na bolsa. Concentrada em ações da BM&FBovespa, a carteira do candidato conta também com papéis do Banco do Brasil e da Vale. Mas Mendes está longe de ser um investidor arrojado. O investimento em ações representa cerca de 5,4% de seu patrimônio, que soma R$ 27,5 milhões (sem incluir quotas de empresas das quais o candidato é sócio).
Depois de Mendes, quem mais tem ações é Beto Richa (PSDB), candidato ao governo do Paraná. São R$ 782,8 mil em uma carteira que conta com 8,9 mil ações da Vale, 7 mil da Petrobras, 2,5 mil do Banco do Brasil e mil da CSN. Também aplicam diretamente em ações Jacques Wagner, do PT, (R$ 105 mil), candidato na Bahia, Lúcio Alcântara (PSDB), do Ceará (R$ 10 mil), e Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo (R$ 18,727 mil).
Apenas oito candidatos têm plano de previdência privada. Juntos, eles aplicam R$ 1,98 milhão em planos do tipo VGBL. Mais uma vez, o destaque é Mauro Mendes, do Mato Grosso, que possui um plano no valor de R$ 763,9 mil.
Dezenove candidatos aplicam em fundos de investimento. São ao todo R$ 7,27 milhões, mais de 90% na renda fixa. A exceção é Beto Richa, do Paraná, que tem metade do R$ 1,27 milhão aplicado em fundos em uma carteira de renda variável. As aplicações dos candidatos na poupança atingem, juntas, R$ 2,04 milhões. José Maranhão (PMDB), candidato ao governo da Paraíba, possui R$ 1,516 milhão na modalidade.
Entre os aspirantes a governador, nove deixam dinheiro "embaixo do colchão". É o caso, por exemplo, do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que tem R$ 35 mil em dinheiro vivo.