O Globo
26.10.2010
De olho na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, a rede francesa Accor está apostando no crescimento do turismo corporativo no Rio. O grupo acaba de fechar contratos para a construção de mais quatro hotéis na Barra da Tijuca. Os empreendimentos, de R$96,2 milhões, se somam a outros três projetos da rede anunciados este ano. No total, os sete projetos vão consumir R$172,5 milhões e acrescentar 1.318 quartos à rede hoteleira carioca, praticamente dobrando a oferta de apartamentos do grupo Accor na cidade. A previsão é que os sete hotéis sejam abertos até 2013.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), as iniciativas integram uma lista de 19 empreendimentos hoteleiros em andamento no Rio e que deverão ser concluídos até 2016, totalizando investimentos de R$1 bilhão.
Quatro projetos devem gerar 300 empregos
Dois dos quatro novos hotéis da Accor serão erguidos na Praia do Pepê, sob as bandeiras Ibis e Mercury. Os outros dois serão construídos na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, a cerca de 150 metros do Parque Olímpico, e terão as bandeiras Ibis e Novotel. A Accor estima que cerca de 300 pessoas sejam contratadas para os quatro projetos.
- Os hotéis perto do Parque Olímpico serão praticamente uma extensão do local de trabalho dos profissionais que virão ao Rio para as Olimpíadas - disse Abel Castro, diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da Accor no Brasil.
Ele frisou que, além dos eventos esportivos, a migração de empresas para a Barra também é um fator decisivo para os investimentos da rede no bairro. Além desses empreendimentos, a Accor estuda investir em projetos na Zona Portuária, aproveitando incentivos fiscais que serão oferecidos pela prefeitura para estimular a ampliação da rede hoteleira na cidade. No caso dos hotéis da Barra, o grupo ainda está avaliando como se beneficiar dos incentivos.
Aprovado na quinta-feira pela Câmara, o pacote olímpico terá emendas propostas pelos vereadores vetadas pelo prefeito Eduardo Paes. A ideia é barrar as propostas que alteraram padrões urbanísticos de ruas internas próximas à orla da Barra da Tijuca para permitir a construção de hotéis. Já a emenda que liberou a Rua Maria Luiza Pitanga, na Barrinha, e a Presciliano da Silva, na Joatinga, para a construção de resorts ainda está em análise. Mas a tendência é manter as alterações, porque o gabarito original das áreas (três pavimentos, incluindo a cobertura) foi preservado.
- A tendência é também vetar a emenda que prorrogou até 2019 abatimentos de IPTU para o setor - disse Paes. - O benefício atual vale até dezembro de 2014 e nós concedemos novos incentivos tributários no pacote olímpico. Se houver necessidade de novos incentivos de IPTU depois de 2014, isso será discutido no futuro.
A proposta original da prefeitura era autorizar a construção de hotéis em alguns pontos da cidade (como ruas internas de Copacabana, a Autoestrada Lagoa-Barra, o Joá e o Alto da Boa Vista), mas respeitando os parâmetros urbanísticos. Isso não aconteceu em duas áreas próximas da Avenida Sernambetiba, onde o gabarito das ruas internas é de três pavimentos (com cobertura). A emenda aprovada permite hotéis de até 15 andares.
Em relação à emenda que autoriza a transformação em hotel de um prédio residencial, do Clube de Regatas do Flamengo, na Avenida Rui Barbosa (com perdão de dívidas tributárias), a tendência é por um veto parcial. O motivo é um dispositivo que permitiria uma nova mudança de uso do imóvel depois que fosse convertido em hotel.
Um dos endereços que tiveram o gabarito alterado na Barra por emendas é a Rua Martinho Mesquita, na lateral do Hotel Windsor. Nessa rua, os donos do hotel planejam erguer um anexo com 300 apartamentos. A área hoje é residencial, com casas de até dois andares.
A outra região atingida é um quarteirão inteiro nas imediações do Posto 7, que inclui as ruas Lourenço Filho, Marcelo Roberto e Levy Carneiro, onde existem quatro terrenos vazios e duas casas fechadas.
Na Barrinha, há pelo menos um terreno à venda na Rua Maria Luiza Pitanga. O advogado Paulo Arinos da Silva, de 40 anos, comprou a área em maio de 2005 por R$250 mil pensando em construir em um hotel. Mas, como a lei não permitia, aplicou o dinheiro na construção de prédios para aluguel na Favela da Tijuquinha:
- Antes do pacote olímpico, eu pedia R$380 mil pelo terreno. Mas, se essa área puder ter mesmo resorts, não faço negócio por menos que o dobro (R$760 mil)