A Cerâmica São Caetano foi mais uma entre as várias fábricas do ABC desativadas nas últimas décadas e engolidas pela cidade. Esqueleto de empresas que faliram ou simplesmente trocaram de endereço, tornaram-se enormes e valiosos vazios que conviveram - e ainda convivem - com o cenário urbano e, aos poucos, mudam completamente a cara da cidade.
Fundada em 1913, a Cerâmica São Caetano ficou famosa pelos ladrilhos, telhas e tijolos refratários produzidos ali. O Bairro Cerâmica, no entorno da então fábrica, desenvolveu-se ao longo do século passado em função da empresa - que foi desativada em 2003, sob comando da Magnesita. Foi quando os moradores começaram a questionar o futuro do respeitável espaço de 360 mil m2.
"São Caetano sofreu com a desindustrialização e faltavam espaços para empresas de tecnologia", afirma Aparecido Viana, corretor de imóveis que atua há 47 anos na região. "Aquele espaço estava lá, precisava de um projeto arrojado."
Viana conseguiu exclusividade de venda da área em 1997 e logo em seguida Magnesita e Sobloco - empresa que planeja, realiza e administra grandes bairros, como a Riviera de São Lourenço e Parque Faber, em São Carlos - fecharam parceria para conceber o novo projeto. Cada um detém participação de 50% no negócio.
Até o momento, a Sobloco já investiu R$ 25 milhões no empreendimento. "É o maior projeto de revitalização urbana do país", afirma Luiz Augusto Pereira de Almeida, diretor da Sobloco.
Da entrada do projeto até a aprovação foram 10 anos. A Sobloco teve de fazer três alterações importantes. Uma delas foi o plano de obras e sistema de galerias pluviais. As enchentes no entorno do terreno sempre foram um problema grave da região. Segundo a Sobloco, as obras incluíram a construção de uma galeria e piscinões capazes de absorver 235 mil m3, em convênio com o governo do Estado. A segunda foi o prolongamento de uma avenida e duplicação de outras duas, incluindo a ligação de uma delas (Guido Aliberti) com a Avenida do Estado. A terceira alteração consistiu na execução de quatro novas linhas de transmissão de alta tensão, cada uma com 1,1 km de extensão, por conta da remoção da antiga linha de energia que passava pelo meio do terreno.
Depois da doação de uma parte do terreno para vias e dois parques públicos, o espaço útil para empreendimentos ficou com 300 mil m2- 70% será destinado a comércio e serviços e 30% para residencial. O shopping da Multiplan ocupará quase 20% do terreno, mas a empresa também adquiriu quatro torres comerciais, onde,http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5943155894016587232 a princípio, deve construir salas comerciais. A empresa pagou R$ 81 milhões pelo terreno.
O empreendimento está em fase de licitação de cerca de 15 mil m2de prédios comerciais. "Tivemos mais de 50 interessados", diz Viana. Terá ainda uma Cobasi, um Hospital São Luis e uma concessionária de veículos. A área residencial foi a primeira a ser licitada e ficou com consórcio entre Lindenberg, PDGe Rossi, que pagaram, conforme comunicado em abril de 2008, cerca de R$ 90 milhões. (DD)
Fonte: Valor Econômico