A China é aqui

Por Ricardo Amorim

Há mais de 30 anos, a China cresce a um ritmo de quase 10% ao ano, causando inveja e alterando toda a ordem econômica global.
No Brasil, a crescente importância da economia chinesa é visível a olhos nus. Examine os produtos à sua volta neste exato momento e encontrará as inevitáveis etiquetas de made in China. Desde 1999, a corrente de comércio – soma de exportações e importações – entre Brasil e China saltou de US$ 1,5 bilhão para mais de US$ 55 bilhões.

De carona na fome chinesa por nossas matérias-primas e na sua oferta abundante de capitais baratos para financiar investimentos e consumo no País, o Brasil dobrou seu ritmo de crescimento nos últimos sete anos para cerca de 5% ao ano. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm sustentado taxas de expansão bem maiores. Vários setores, em particular o imobiliário, o automotivo e o agronegócio crescem em ritmo de dar inveja até aos chineses.

Este crescimento acelerado colocou o Brasil em posição de destaque. Na última década, o País passou de quinto a segundo maior exportador do agronegócio no mundo, multiplicando por seis o superávit comercial do setor, passando de US$ dez bilhões a mais de US$ 60 bilhões. O crescimento do interior do País não deixa nada a dever ao dragão asiático.

No setor automotivo, a história não é diferente. De 2003 para cá, as vendas de automóveis no País aumentaram quase 150% – sustentando uma média anual de crescimento de quase 14% –, passando de 1,4 milhão a 3,5 milhões de unidades. O Brasil pulou de oitavo para quinto maior mercado de automóveis no planeta. Se o crescimento continuar parecido até a Copa do Mundo, teremos o terceiro mercado mundial de automóveis. Ainda assim, o número de automóveis por habitante no Brasil será três vezes menor do que nos EUA.
Quem você acha que continuará crescendo?

A importância do Brasil para as montadoras é também cada vez maior. Há anos, a Fiat já vende mais automóveis aqui do que na Itália. Talvez ainda neste ano, a Volkswagen venda mais automóveis no Brasil do que na Alemanha. Para a GM, o Brasil já é o terceiro mercado consumidor. Aliás, o primeiro é a China – que você achava ser o país da bicicleta – onde a venda de automóveis era 1/10 da dos EUA há dez anos, mas há dois anos tem superado o tradicional país do automóvel.

A mesma coisa acontece no setor imobiliário. Enquanto a contração nos mercados americano, europeu e japonês parece não ter fim, o mercado brasileiro vive o melhor momento da história. Nos EUA, são vendidos hoje menos imóveis do que há 50 anos, cinco vezes menos do que há quatro anos. No Brasil, é impossível ir a uma cidade e não encontrar um mar de canteiros de obras. A alta de preços dos imóveis ao longo dos últimos anos foi causada pela abundante oferta de crédito e consequente multiplicação dos compradores.

Aliás, é a expansão de crédito e renda nos países emergentes, onde o endividamento ainda é baixo, que deve manter esse quadro inalterado na próxima década, apesar de inevitáveis solavancos ao longo do caminho.

Você anda preocupado com as recentes manchetes comparando a alta de preços de imóveis no Brasil com a bolha imobiliária americana? Saiba que o crédito bancário ao setor imobiliário no Brasil não chega a 4% do PIB, 30 vezes menor do que nos EUA e 45 vezes menor do que na Suíça. Durma tranquilo em seu apartamento novo


Ricardo Amorim é formado em Economia, Presidente da Ricam Consultoria e um dos debatedores do programa Manhattan Connection, da Globo News. É também apresentador da coluna de Economia & Negócios, na Rádio Eldorado e Colunista na revista IstoÉ.

Suzano e Helbor formam parceria

A IPLF Holding, braço imobiliário do grupo Suzano, e a incorporadora Helbor anunciaram ontem a decisão de constituir uma empresa de empreendimentos imobiliários batizada de Alden Desenvolvimento Imobiliário Ltda.

Cada empresa terá 50% da sociedade, que terá gestão compartilhada. O objetivo da companhia será o desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, tanto incorporações, como loteamentos, em todo território nacional.

A aproximação entre os grupos é antiga e aconteceu no berço das duas empresas: as cidades de Suzano e Mogi das Cruzes. O fundador da Suzano, Leon Feffer, era amigo de Hélio Borenstein, fundador da Helbor e, aos 72 anos, ainda ativo na gestão da companhia. Segundo o Valor apurou, elas foram parceiras em vários projetos. Três residenciais lançados no bairro da Freguesia do Ó, em um terreno que pertencia ao grupo Suzano.

Mas o maior negócio entre as duas - que teria funcionado como um teste para a criação da nova empresa - está em uma área de 10 milhões de metros quadrados, terreno da Fazenda Rodeio, em Mogi das Cruzes, que serviu para plantação de eucalipto. Em um pedaço do terreno, na divisa com o bairro Rodeio, a Helbor e o grupo Suzano desenvolveram três loteamentos, com cerca de mil lotes, 100% vendidos. Entraram no projeto também a Cipasa e a Scopel, duas empresas especializadas em loteamentos. Trata-se de um projeto de médio e alto padrão.

A área da fazenda está em processo de licenciamento ambiental, mas o desenvolvimento será o principal negócio da Alden. A companhia deve desenvolver um novo bairro na área, com projetos residenciais e comerciais. A área doou parte para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que terá sua nova sede lá.

A IPLF foi criada pela Suzano há algumas décadas com o objetivo de reunir e gerir seus ativos imobiliários - as iniciais da empresa referem-se à origem do negócio, a Indústria de Papel Leon Feffer. Hoje, o grupo é o segundo maior produtor mundial de celulose branqueada de eucalipto e representa uma das maiores indústrias integradas de papel nas Américas.

Após vender a Suzano Petroquímica para a Petrobras, por R$ 2, 7 bilhões, em agosto de 2007, o grupo concentrou suas atividades no setor de celulose e papel.

No ano passado, contudo, voltou a apostar na diversificação, ainda que em negócios relacionados à área florestal, e anunciou a compra da britânica FuturaGene, por US$ 82 milhões. Pouco depois, criou e lançou a Suzano Energia Renovável, com foco na produção de pallets (de madeira) para geração de energia alternativa. Os dois projetos fazem parte da estratégia traçada pelo grupo até 2024, quando completa 100 anos, que inclui ainda agressiva expansão na capacidade de produção de celulose - até 2014, duas novas fábricas, que produzirão cada uma, 1,4 milhão de toneladas por ano da fibra, vão entrar em operação.

Criada há 33 anos, a Helbor abriu seu capital em outubro de 2007. No ano passado lançou empreendimentos da ordem de R$ 1,7 bilhão (incluindo parceiros), alta de 73,1% em relação a 2009. As vendas cresceram 71% e chegaram perto de R$ 2 bilhões. A receita líquida foi de R$ 987,2 milhões.

Fonte: Valor Econômico

Trump quer brasileiro em Manhattan

O magnata americano Donald Trump também está apostando nos milionários brasileiros para vender os apartamentos e coberturas do Trump Soho Condominium, um megaprédio de luxo localizado no coração de Manhattan, em Nova York, e inaugurado em abril de 2010. Trump fechou um contrato de parceria com a Piquet Realty, imobiliária especializada na venda de imóveis de alto valor para brasileiros nos Estados Unidos. Ela é comandada por Cristiano Piquet, sobrinho do tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet.

Piquet e sua equipe desembarcam no Brasil no início da semana que vem para vender pelo menos 20 unidades em um evento com convidados VIPs na próxima quinta-feira.

"Todo mundo está de olho no Brasil. E não são só os investidores. Os brasileiros são um dos maiores compradores de imóveis dos EUA" - disse Piquet ao Jornal o Globo.

Lançado em plena crise financeira, o empreendimento foi inaugurado em abril de 2010 e é gerenciado pela Trump Hotel Collection. Até o fim do ano passado, apenas 45 das 391 unidades foram vendidas. Em dezembro de 2010, o CIM Group (fundo de investimento imobiliário, com sede em Los Angeles) investiu cerca de US$85 milhões para reduzir parte dos débitos com a iStar Financial e renegociou o restante das dívidas, e o projeto foi retomado.

A escolha pelo Brasil, segundo Piquet, aconteceu porque os brasileiros estão entre os maiores investidores do setor imobiliário americano. Em Miami, depois da crise, 80% dos imóveis colocados à venda foram comprados por estrangeiros - destes, 50% são brasileiros. Depois de São Paulo, o tour de vendas da Piquet Realty deve chegar a Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

Os brasileiros, hoje, são um dos maiores compradores nos EUA. Já são os primeiros em compras de imóveis em Miami, ultrapassando os canadenses - disse Piquet, lembrando que os imóveis de luxo no Brasil estão mais caros que nos EUA.

Ele explicou que desde o lançamento do Trump Soho o valor dos apartamentos caiu à metade: os de um quarto, que custavam US$2 milhões, hoje saem por US$1 milhão; os de dois quartos passaram de US$5 milhões para US$2,5 milhões; e as coberturas, de US$15 milhões para US$8 milhões. Além da vista privilegiada da Big Apple, os imóveis foram projetados e decorados pelo arquiteto David Rockwell, com mobiliário personalizado da Fendi Casa.

Nossa expectativa é vender, no evento que faremos em São Paulo, 20 unidades - disse Piquet, referindo-se ao coquetel de apresentação do empreendimento, no próximo dia 7.