100 anos da descoberta de Machu Picchu


Foi o professor norte-americano Hiram Bingham quem, à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu em 24 de julho de 1911. Bingham criou o nome de "a Cidade Perdida dos Incas" através de seu primeiro livro, Lost City of the Incas.

Machu Picchu, em quíchua Machu Pikchu, significa "velha montanha". Também chamada de "Cidade perdida dos Incas", foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti. O local é, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca, quer devido à sua original localização e características geológicas, quer devido à sua descoberta tardia em 1911. Apenas cerca de 30% da cidade é de construção original, o restante foi reconstruído. As áreas reconstruídas são facilmente reconhecidas, pelo encaixe entre as pedras. A construção original é formada por pedras maiores, e com encaixes com pouco espaço entre as rochas.

Localização Estratégica

A 2400 metros de altitude, Machu Picchu está situada no alto de uma montanha, cercada por outras montanhas e circundada pelo rio Urubamba, o que lhe proporciona uma atmosfera única de segurança e beleza. As ruínas incas encontram-se a meio caminho entre os picos das duas montanha, a 450 metros acima do nível do vale e a 2.438 metros acima do nível do mar. A superfície edificada tem aproximadamente 530 metros de comprimento por 200 de largura e contém 172 edifícios em sua área urbana. Para se ter uma idéia da dimensão de Machu Picchu, a Vila Nova Conceição, em São Paulo, possui exatamente 172 edifícios na sua parte central e quase que a mesma dimensão em área (500 x 200 metros).

A Cidade Perdida dos Incas, sob todos os aspectos demonstrava a elevada cultura do povo, tanto em conhecimentos de construção, quanto na preocupação com o meio ambiente e segurança de seus moradores. A disposição dos prédios, a excelência do trabalho e o grande número de terraços para agricultura são impressionantes, destacando a grande capacidade daquela sociedade. No meio das montanhas, os templos, casas e cemitérios estão distribuídos de maneira organizada, abrindo ruas e aproveitando o espaço com escadarias. Segundo a histórica inca, tudo planejado para a passagem do deus sol.
A cidade está dividida em duas grandes áreas: a agrícola formada principalmente por terraços e recintos de armazenagem de alimentos; e a outra urbana, na qual se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais. Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, e a mais aceita afirma que foi um assentamento construído com o objetivo de supervisionar a economia das regiões conquistadas e com o propósito secreto de refugiar o soberano Inca e seu séquito mais próximo, no caso de ataque.

Engenharia hidráulica e de solo
Uma cidade de pedra construída no alto de um istmo entre duas montanhas e entre duas falhas geológicas, em uma região submetida a constantes terremotos e, sobretudo a constantes chuvas o ano todo apresenta um desafio para qualquer construtor: evitar que todo o complexo se desmorone. Segundo Alfredo Valencia e Keneth Wright "o segredo da longevidade de Machu Picchu é seu sistema de drenagem". O solo das áreas não trabalhadas possui um sistema de drenagem que consiste em capas de pedras trituradas e rochas para evitar o empoçamento da água das chuvas. 129 canais de drenagem se estendem por toda a área urbana, feitos para evitar a erosão, desembocando em sua maior parte no fosso que separa a área urbana da agrícula, que era na verdade o desague principal da cidade. Calcula-se que 60% do esforço construtivo de Machu Picchu estava em fazer as cimentações sobre terras que já sofreram terraplanagem com cascalho para um bom dreno das águas em excesso.

Orientação das construções
Existem sólidas evidências de que os construtores tiveram em conta critérios astronômicos e rituais para a construção de acordo com estudos de Dearborn, White, Thomson e Reinhard, entre outros. Na verdade, o alinhamento de alguns edifícios importantes coincide com o azimute solar durante os solstícios de maneira constante e com os pontos do nascer-do-sol e pôr-do-sol em determinadas épocas do ano, e com o topo das montanhas circundantes.


Arquitetura
Muros e paredes
Os muros e paredes de pedra eram basicamente de dois tipos:
1) De pedra unida com argamassa de barro e outras substâncias. Há evidências de que estas construções, que são maioria em Machu Picchu, estiveram recobertas com uma camada de argila e pintadas (em amarelo e vermelho, ao menos), embora a desintegração precoce dos tetos as tornaram vulneráveis à chuva frequente da região e portanto não se conservara.
2) De pedra cuidadosamente lavrada nas construções de elite. São blocos de granito, sem brilho e perfeitamente talhados em forma de prismas retangulares (paralelepípedos, como os tijolos) ou poligonais. Suas faces exteriores podem ser almofadadas, ou seja, com protuberâncias, ou perfeitamente lisas. Nesses casos, a união dos blocos parece perfeita e permite supor que não têm nenhum tipo de argamassa; porém de fato o tem: é uma fina capa de material aglutinante que se encontra entre pedra e pedra embora seja invisível por fora. O esforço dessas realizações em uma sociedade sem ferramentas de ferro (somente conheciam o bronze, muito menos rígido) é notável.



Planta
Quase todos os edifícios são de planta retangular. Há os de uma, duas e até oito portas, normalmente em apenas um dos lados maiores do retângulo. Existem poucas construções de planta curva e circular. As construções normalmente seguem o esquema das kanchas, ou seja, quatro construções retangulares dispostas em torno de um pátio central unidos por um eixo de simetria transversal. A este pátio dão todas as portas. Como é clássico na arquitetura inca, a maioria das portas, janelas e nichos (chamados falsas janelas) têm forma trapezoidal, mais larga na base que no topo. A trava superior podiam ser de madeira ou de pedra (às vezes um só grande bloco). As portas dos recintos mais importantes eram duplas e em alguns casos incluíam um mecanismo de fechamento interior. As paredes interiores de boa parte das construções têm nichos em forma trapezoidal, junto às janelas. Blocos cilíndricos ou retangulares sobressaem com frequência dos muros como grandes varandas, dispostos em forma simétrica com os nichos, quando existentes. 

Pela obra humana e pela localização geográfica, Machu Picchu é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.



Fontes: