Alta Imobiliária chega até 150% na Zona Sul


Valor
31.03.2011

O resultado imediato da virada que o Rio atravessa é a valorização dos imóveis e o início de um boom imobiliário. O que se vê hoje é uma recuperação da depressão ocorrida nos anos 80 e 90, na avaliação de Alexandre Fonseca, diretor de operações da Brasil Brokers. A recuperação vem desde 2004, mas nos últimos dois anos o salto foi olímpico. Fonseca diz que as regiões mais desejadas da zona sul subiram 150%. Bairros como o Leblon estão com valor do aluguel entre R$ 180 e R$ 250 e, para venda, entre R$ 15 mil e R$ 18 mil o m2 nos dois casos. Até a Barra da Tijuca, que tem grande oferta, subiu 50%. "Hoje, o que é lançado é vendido em poucas horas", diz Fonseca. Segundo Rubens Vasconcelos, vice-presidente da Ademi e presidente da Patrimóvel, líder em vendas de imóveis da cidade, em três anos houve uma valorização de 100%.

"Muitos deixaram a cidade, mas agora com a nova atmosfera estão voltando. Hoje, 10% da procura é de investidores de outras cidades e já é percebida uma demanda de estrangeiros", diz Vasconcelos. Embora o início do ano seja fraco, a empresa fechou em fevereiro R$ 152 milhões em vendas, ante R$ 85 milhões um ano atrás. "O imóvel voltou a ser um bom investimento e hoje rende o dobro, em torno de 1% ao mês."

Na zona sul e no centro a valorização se dá pela escassez. Outros bairros valorizaram-se com investimentos públicos, como a região da Avenida Abelardo Bueno, nova frente de ocupação da Barra da Tijuca, o que também deve ocorrer na zona portuária com o Porto Maravilha. Além de já abrigar equipamentos importantes e receber outros como a Vila Olímpica, a região da nova Barra será beneficiada por novas vias de transporte, como Transoeste, Transcarioca e Transolímpica.

É lá que está sendo construído o Centro Metropolitano da Barra, um novo bairro em uma área de 4 milhões de m2 que resgata um projeto urbanístico de Lucio Costa. Trata-se de um ambicioso projeto imobiliário do Grupo Tekuszkin, em parceria com a Brookfield, a Carvalho Hosken e a RJZ Cyrela. Inicialmente, serão 19 quadras, com uma área total de construção de 1.305.000 m2 e potencial de R$ 5 bilhões em vendas. A primeira incorporação já lançada é o Brookfield Place Worldwide Offices. "No lançamento vendemos 100% das salas em cinco dias e 20% das lajes corporativas, basicamente para investidores individuais", diz Fernando Moura, diretor-executivo da unidade de negócios Rio da Brookfield.

A Carvalho Hosken e a RJZ Cyrela iniciaram a exploração de uma de área de 2,4 milhões de m2, com um potencial de R$ 15 bilhões em vendas. O primeiro empreendimento é o Shopping Metropolitano da Barra, já praticamente vendido e com previsão de inauguração em outubro de 2012.

Revitalizado, o centro do Rio também vive seu boom imobiliário, o que tem impulsionado a reforma de prédios antigos. O m2 para venda está entre R$ 6 mil e R$ 7 mil e, para aluguel, em torno de R$ 160, valor que em São Paulo só é obtido na área da av. Faria Lima, diz Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer. "O centro ainda concentra a maior parte da demanda corporativa, pois detém 75% do estoque de escritórios. Mas, como são muito antigos, há um grande potencial para torres de alto padrão", afirma. (C.N.)