O Ano foi excelente para esse tipo de investimento; fundos renderam até 59,6% e bateram a maioria das demais aplicações financeiras
Quem investiu em fundos imobiliários em 2010 não tem do que reclamar. Segundo um levantamento do consultor Sérgio Belleza Filho, especializado no assunto, esse tipo de aplicação gerou um retorno médio de 26,7% no ano passado - contra apenas 9,75% do CDI (taxa de juro de mercado que funciona como principal patamar de referência para investimentos em renda fixa). O fundo mais rentável de 2010 gerou um lucro de 59,6%. A pesquisa incluiu 25 fundos imobiliários com cotas negociadas na BM&FBovespa ou no mercado de balcão organizado. Todos eles oferecem isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas sobre os ganhos apurados com aluguéis desde que o investidor não seja dono de mais de 10% das quotas. Para calcular o retorno de cada fundo, o consultor somou a oscilação das quotas negociadas no mercado com as receitas de aluguel geradas pelo empreendimento. Sérgio Belleza Filho diz que a valorização imobiliária extraordinária do ano passado influenciou nos altos retornos obtidos pelos investidores, mas não deve se repetir nos próximos anos. O foco dos interessados em aplicar nesses fundos, portanto, deve estar na renda gerada pelo imóvel. São atraentes, segundo ele, investimentos em que seja possível obter uma renda com aluguel equivalente a ao menos 0,8% ao mês.
Continental Square Faria Lima foi o melhor, com 59,6% em um ano
Administrado pela BR Capital, esse fundo, que tem quotas na BM&FBovespa negociadas sob o código FLMA11, detém parte do empreendimento conhecido como Continental Square Faria Lima. Entre aluguéis distribuídos e valorização das quotas, o investimento deu um retorno de 59,6% no ano passado, o maior da indústria. Apesar do nome, o imóvel não está localizado na avenida Faria Lima, mas na rua das Olimpíadas, no coração da Vila Olímpia, em São Paulo. O fundo é dono de 75% do hotel cinco estrelas Caesar Park e de 18 conjuntos de escritórios de uma torre comercial. As 135 suítes do hotel foram arrendadas, e a remuneração do fundo varia de acordo com a receita operacional gerada pelos quartos. O imóvel foi construído pela Inpar e não foi um sucesso instantâneo. Os escritórios comerciais sempre foram uma fonte segura de rendimentos, mas o hotel nunca gerou a mesma rentabilidade para o fundo e só recentemente o produto virou o queridinho do mercado. Além de ter chegado caro ao mercado, o desempenho foi inicialmente atrapalhado pelo atraso nas obras da ampliação da av. Faria Lima. Mas a sorte virou nos últimos anos, quando as obras na av. Faria Lima e na rua das Olimpíadas foram concluídas. Para arrematar a boa maré, a construção do shopping Vila Olímpia aumentou a atratividade da região, que, em breve também deve ganhar mais um shopping, o Iguatemi. Esse boom explica, porquê muitas grandes empresas têm se mudado para o bairro, o que aumenta o potencial de atração de hóspedes para o hotel e a chance de ocupação dos escritórios. Ou seja: um círculo virtuoso, ainda com muitas perspectivas de ganhos pela frente.